Aula de filosofia (45 minutos)
Turma: 3º ano do Ensino Fundamental
Tema: A importância do pensar
Objetivos: Levar as crianças a refletir
sobre a importância do pensar.
Reconhecer de que forma
podemos usar o pensamento para nos tornar
pessoas melhores e melhorar o mundo.
Aprimorar a capacidade de
pensar para o desenvolvimento de atitudes
positivas na escola.
Texto de apoio: A centopéia que pensava
Autor: Herbert de Souza (Betinho)
Desenvolvimento da aula:
Deixar a sala preparada em círculo para
facilitar o diálogo entre as crianças e o professor.
Iniciar com a
leitura da história: A centopéia que pensava (lida pelo professor no livro); Sempre
mostrando as gravuras da história de cada página.

A
centopéia que pensava
A
centopéia estava muito feliz com ela mesma. Gostava de suas cem perninhas.
Afinal, aquelas pernas todas nunca faltariam e não sabia de ninguém no mundo
com tanta perna junta. Além disso, tinha descoberto que não era só pernas.
Agora era muito cabeça.
Podia pensar, sabia que podia. Só que não
tinha prática e resolveu treinar. “Vamos pensar”, disse ela, e começou. “Que
coisa curiosa: a gente pode ter idéias, inventar histórias, fazer as coisas
acontecerem dentro de nossas cabeças antes que aconteçam fora. A gente pode
fazer muito bem ou mal para os outros e pode até mudar o mundo. Tudo isso,
apenas com o pensamento.”
È preciso pensar. Será que a gente só pensa
quando está na escola? Junto com a professora? Ou a gente pensa e aprende a
todo instante, em todo lugar? Pensando, pensando, a centopéia teve uma idéia
nova por dia e, aí, descobriu que pensar dá trabalho, custa esforço, é preciso
vontade firme. E foi em frente.
“Vou experimentar por uma semana.”
Na segunda feira resolveu pensar grande.
Olhou para o céu e se perguntou o que eram aqueles pontinhos luminosos
brilhando lá em cima. Serão olhinhos a nos olhar? É uma festa lá longe, onde eu
não posso ir?”Resolveu conversar com Dona Girafa, que tinha o pescoço grande e
devia ver mais perto aqueles pontinhos de luz.
− Dona
Girafa me diga o que é aquilo tão bonito lá em cima?
− São estrelas dona centopéia!
− E o que é estrelas?
− Estrelas
são bolas de fogo imensas que giram lá no espaço há bilhões de anos-luz ou
mais. Algumas estão tão longe que acabam, mas continuamos a ver sua luz que
ainda não acabou de chegar aqui.
− Meu Deus! E eu que não sabia disso! Eu que
achava minhas cem perninhas uma coisa espetacular! Que fantástico é viver nesse
mundo ao lado de tantas estrelas! Mas por que o fogo delas não queima?
− É que estão muito longe, e aqui só chega
esse pontinho.
Na terça feira Dona Centopéia resolveu
pensar pequeno e se perguntou qual era a menor coisa do mundo. Olhou ao redor e
pensou que era a joaninha, mas logo viu uma formiguinha, e depois, uma pedrinha
tão pequena que ela quase não conseguiu enxergar. Se deu conta de que seus
olhos só chegavam a uma ponto, mas que , depois dele, deveriam existir outras
coisas muito menores, as quais ela não podia ver.
Impressionada com sua descoberta, a centopéia
meditou: “Quando eu pensei grande, descobri as estrelas com tamanho sem fim.
Agora descobri coisas que são pequenas e também sem fim”. E Concluiu: “Esse
mundo é um grande mistério”.
Na quarta feira Dona Centopéia resolveu
filosofar e chamou a coruja para uma conversa: −Dona Coruja, a senhora, que
fica com esse olho aberto o tempo todo, já deve ter visto muita coisa e saber
muito da vida e a morte. Por que os bichos nascem, crescem e depois morrem?
− Dona Centopéia, que pergunta mais difícil!
Isso é pura filosofia. A vida é um grande mistério. A explicação é maior que a
gente. Sabemos muita coisa, mas, diante de tudo que existe, o que a gente sabe
é quase nada, é uma gotinha d’água nesse mar de mistérios, filosofou Dona
Coruja. −Dizem que os bichos nascem e morrem porque tudo no nosso planeta é
finito, tem princípio e fim. Umas coisas duram mais, outras menos. As estrelas
duram trilhões de anos, um mosquito pode durar um dia, uma tartaruga, duzentos
anos; há seres que duram instantes apenas. O “como” das coisas às vezes a gente
sabe, mas o “porquê” é mais difícil, é
pura filosofia.
A centopéia ficou orgulhosa com aquele papo,
de muita sabedoria. Dona Coruja era o máximo. Não era à toa que tinha aqueles
olhões tão abertos! È se eu tivesse aqueles olhos grandes, será que iria pensar
melhor? Será que devo ir a um oculista? Não, pensando bem, acho que meus olhos
estão bem assim. Afinal, posso pedir a ajuda de Dona Coruja quando precisar.
Na quinta feira foi o dia dos números.
Resolveu contar. As estrelas, desistiu, eram muitas. Começou, então, pelas
pedrinhas do caminho e quase ficou desesperada, de tanta pedrinha que
encontrou. Depois contou as árvores, que eram um pouco mais fácil, mais não
podia contar as folhas, que demais. No caminho encontrou um formigueiro, mais
desistiu depois do terceiro milhão.
De tanto contar, a centopéia estava ficando
meio maluca. Queria contar as próprias perninhas. Gente, contar tem limite! Mas
prosseguiu. Foi ao rio e contou os peixinhos, foi á floresta e contou todos os
bichos que encontrou: 123, 124, 125, 126... Os bichos pensavam que ela era
maluca mesmo. Contar é bom, mas é preciso saber como fazer isso, para não ficar
perdido nos números.
Na sexta feira quis ouvir histórias dos
outros bichos, e reuniu um grupo para ouvir o que eles tinham a dizer. Chamou o
macaco, a onça, a cobra, o coelho e o avestruz. O macaco foi logo dizendo que não havia bicho
mais esperto que ele e que ele podia enganar todo mundo. Bastava querer. E
relatou a vez em que conseguiu montar na Dona Onça, fingindo que estava com dor
de dente. Dona onça ficou furiosa quando se lembrou disso, e quase acabou com a
roda de histórias da centopéia, dando um tremendo urro. Para acalmá-la, Dona
Centopéia pediu que ela contasse sua história.
Na sábado Dona Centopéia resolveu dar um
descanso ao pensamento e dedicar o dia à preparação de uma festinha para todos
aqueles bichos que haviam ajudado a pensar. A festa foi no domingo. Muita
comida, muita bebida e até enfeites. Os bichos deram as mãos e cantaram,
comeram e sentiram como era bom viver em paz e usando a cabeça para pensar- Conversando
com seus botões, Dona Centopéia concluiu: “Pensar é um grande e belo mistério”.
Questões que serão direcionadas ao grupo
para o debate:
1- A centopéia
descobriu que não tinha só pernas, mas que era cabeça também. O que isso quer
dizer?
2- Ao descobrir
que podia pensar, a centopéia percebeu que poderia fazer o bem ou o mal e até
mudar o mundo. Como isso pode ser possível?
3- Todos têm a
capacidade de pensar? Como? Dê exemplos disso.
4- Pensar pode
mudar nossas atitudes? Por quê? Exemplifique.
5- A centopéia
começou treinar seu pensamento e fazer muitas perguntas, como se estivesse
investigando o mundo a sua volta. Você já se deu conta que pode fazer isto
também?
Questão para resposta individual que deverá
ser respondida para próxima aula:
Observe o
recreio na escola por três dias e faça um registro de tudo que você observou.
Pense e escreva
o que acha que pode ser melhorado no recreio e o que está legal e pode
continuar. Na próxima aula faremos uma apresentação do trabalho realizado.
Avaliação:
Através da participação das crianças no debate e das respostas dadas.
Bibliografia:
SOUZA, Herbert
de. A centopéia que pensava. 3. ed. São Paulo: Moderna LTDA, 1996.
GIACOMASSI,
Rejane. Diálogo e Investigação Filosófica com Crianças. SME Curitiba. IX
Congresso Nacional de Educação- EDUCERE. III Encontro Sul brasileiro de
Psicopedagogia.26 a 29 de outubro de 2009. PUCPR.
http://www.cbfc.org.br/materialdidatico.asp
- Material
Didático do Programa de Filosofia para Crianças.
TRAJANO,
Rosangela. Filosofia para Crianças. Disponível
em:WWW.rosangelatrajano.com,br/infantilfilc.html
Conclusão: Ao ler os materiais de apoio
fiquei maravilhada com tantas possibilidades de realizar o trabalho com as
crianças. Sou pedagoga há muitos anos e sempre gostei de trabalhar com as
crianças a partir de histórias infantis. Porém a filosofia nos abre caminhos e
nos aprimora o olhar. O programa Filosofia para Crianças: Educação para o
Pensar de Matthew Lipman nos faz
acreditar de que é possível filosofar com as crianças. A inclusão da disciplina
de filosofia no currículo do Ensino Fundamental seria de grande valor para
nossas crianças e adolescentes. A escola precisa estar mais aberta ao diálogo,
à criticidade, ao pensar reflexivo, ao trabalho de grupo e troca de idéias
entre todos os sujeitos envolvidos no processo educativo.